Um ouvinte de podcast, EJB, faz uma pergunta sobre a obra consumada de Cristo:
Embora eu concorde com a Livre Graça, estou me perguntando por que você não inclui a morte, o sepultamento e a ressurreição na crença? Você diz para crer em Jesus, mas eu não ouço nada sobre crer na obra perfeita feita na cruz para o pagamento dos nossos pecados. Obrigado!
EJB está se referindo a 1 Coríntios 15:3-4, onde Paulo identifica seu evangelho como a mensagem de que Jesus morreu por nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou dos mortos. Presumo que o que ele quer dizer com as palavras que você não inclui é que não dizemos que qualquer um que crê na morte, sepultamento e ressurreição de Jesus nasce de novo. Ou, dito de outra forma, não dizemos que qualquer um que crê no evangelho é nascido de novo.
O termo evangelho significa boas novas. A morte, sepultamento e ressurreição de Jesus são boas novas. É a razão pela qual a promessa de João 3:16 é verdadeira. Sem a obra consumada de Jesus na cruz, Ele não poderia garantir a vida eterna a todos que crêem nEle.
Devemos crer 1) em Jesus 2) no que Ele promete, vida eterna (= salvação irrevogável) para ter essa vida. O evangelho deve nos levar a crer em Jesus para a vida eterna. Mas isso, infelizmente, muitas vezes não é o caso hoje. A maioria das pessoas no cristianismo crê no evangelho, mas não é nascida de novo. A razão é que eles ainda não creram em Jesus para a vida eterna.
Se você observar como o Senhor Jesus evangelizou, conforme relatado exclusivamente no Quarto Evangelho, você notará que Ele nunca prometeu vida eterna para aqueles que acreditavam que Ele morreria, seria sepultado e ressuscitaria dos mortos. Ele prometeu para aqueles que cressem nEle para a vida eterna.
Alguns pensam que a mensagem salvadora mudou após o nascimento da Igreja. Isso não é possível pela simples razão de que o Evangelho de João foi escrito durante a era da igreja para chamar os incrédulos durante a era da igreja a crer em Jesus para a vida eterna (João 20:31). João não deu uma lição de história sobre algum antigo caminho de salvação que não é mais válido.
É possível ler o Livro de Atos de modo a concluir que a mensagem salvadora mudou. Mas isso ignora o propósito do Evangelho de João e não entende a razão pela qual Pedro e Paulo proclamaram a morte e ressurreição de Cristo. Eles o proclamaram para provar que Ele é o Messias. Eles nunca disseram que quem crê que Ele morreu e ressuscitou tem vida eterna.
Uma expressão que ouvi em um debate recente é chamada de viés de confirmação. A Psychology Today (Psicologia Hoje) define assim: “O viés de confirmação ocorre a partir da influência direta do desejo nas crenças. Quando as pessoas gostariam que uma determinada ideia ou conceito fosse verdade, acabam acreditando que é verdade. Eles são motivados por desejos. Esse erro leva o indivíduo a parar de coletar informações quando as evidências reunidas até agora confirmam as opiniões ou preconceitos que gostaria que fossem verdadeiros” (veja aqui).
Se você cresceu em uma igreja que ensinava que quem acredita que Jesus morreu na cruz, foi sepultado e ressuscitou dos mortos é nascido de novo, é provável que você continue acreditando nisso mesmo diante de evidências contrárias.
Veja João 4:10 e Ef 2:8-9. Ambos falam da vida eterna como dom de Deus e de Jesus como o Doador desse dom. Devemos acreditar tanto no dom quanto no Doador. Crer que Jesus morreu e ressuscitou não é o mesmo que crer em Seu dom, a vida eterna.
Eu sempre disse que nunca conheci uma pessoa que afirma ter nascido de novo que diz as duas coisas: 1) Eu sei que tenho vida eterna que não pode ser perdida porque eu creio no Senhor Jesus, e 2) quando pela primeira vez acreditei em Jesus para a vida eterna, não acreditei em Sua morte e ressurreição em meu favor. Todos que já conheci que professavam crer em Jesus para a vida eterna também diziam que acreditavam em Sua morte e ressurreição.
Mas conheci muitas pessoas que disseram o contrário: 1) Não sei para onde vou quando morrer porque não tenho certeza se perseverarei em boas obras, e 2) acredito que Jesus morreu na cruz pelos meus pecados e ressuscitou corporalmente dos mortos. Isso inclui católicos romanos, ortodoxos orientais e a maioria dos protestantes.
A morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus provam que Ele lidou com o problema do nosso pecado, de modo que, se simplesmente crermos Nele para o dom da vida eterna, teremos esse dom irrevogável.
Talvez eu pudesse reverter a pergunta de EJB: eu me pergunto por que tantos pregadores não incluem a promessa certa de vida eterna para quem crê em Jesus quando evangeliza?