Uma área da teologia que precisa ser repensada é a doutrina da depravação total, particularmente a capacidade ou incapacidade do não regenerado de responder com fé a Deus. Frequentemente, teólogos calvinistas e luteranos apelam para o uso da palavra “morto” para provar que alguém é incapaz de responder. Afinal, como podem os mortos responder a qualquer coisa?
Mas em grego, como em inglês, a palavra morto (nekros) pode ser usada de várias maneiras metafóricas.
Por exemplo, na Parábola do Filho Pródigo, o filho mais novo vai para o país distante, gasta toda a sua herança com a vida pródiga, deixando-o na miséria e trabalhando para os restos de porco. Eventualmente, ele volta para seu pai, que então diz: “porque meu filho estava morto e está vivo novamente; estava perdido e foi achado” (Lucas 15:24, cf. v 32).
O filho estava morto. O que isso significa?
Obviamente, ele não estava literalmente morto. O filho estava muito vivo. O pai está usando o termo metaforicamente. Chamar seu filho de morto significa, então, que ele foi totalmente incapaz de responder? A morte implica a doutrina da incapacidade total?
Não neste caso:
Mas, quando voltou a si, disse: “Quantos empregados de meu pai têm pão suficiente e de sobra, e eu morro de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti” (Lucas 15:17-18).
O filho caiu em si (“ele voltou a si”)! Mesmo em sua morte (o que quer que isso signifique), ele finalmente percebeu que havia cometido um erro terrível, traído seu pai e, à luz disso, resolveu deixar o cocho para trás e voltar para casa. E o filho fez tudo isso estando “morto”.
Claramente, estar “morto” não significa ser incapaz de pensar, deliberar, arrepender-se ou escolher mudar os rumos de sua vida. Não implica necessariamente incapacidade total. É hora de revisitar o ensino bíblico sobre a pecaminosidade humana.